Concurso de Leitura Encenada - TASE 2020
Sinopse
Para comemoração do Dia Mundial do Teatro, apresentamos mais este grande desafio!!!
O Concurso de Leitura Encenada TASE 2020 está aberto a todos!
Consiste em publicar um vídeo, de uma Leitura Encenada de um poema, ou mais, à escolha, dos 10 (abaixo publicados) mais votados no anterior “Concursos de Poesia TASE 2020”.
Os autores dos textos a concurso não podem concorrer com o seu próprio texto, terão de escolher, um ou mais, entre os restantes.
A Leitura encenada poderá (e deverá) ser enriquecida de várias formas artísticas: composição musical, teatro, declamação, etc…
Para participar, os concorrentes terão obrigatoriamente de:
1. Abrir a foto do " Concurso de Leitura Encenada TASE 2020" e publicar o vídeo no comentário da mesma;
2. Partilhar esta publicação (do concurso) noutras páginas;
3. Os três vídeos que obtiverem mais gostos (na pág. do TASE), até às 24 horas do dia 5 de abril de 2020 serão os vencedores do concurso;
4. Os prémios serão de 50€, 25€ e 10€, respetivamente.
Mais informações através de: [email protected]
#ConcursodeLeituraEncenadaTASE2020
Textos a concurso:
1 - 3 AM
São 3 da manhã
E eu não consigo dormir
Faz hoje 3 meses
Que não consigo sentir
Nada, tipo nada
Tipo um estado de dormência que me atropelou
Por volta da altura em que o amor acabou
E me virei para dentro.
Fechei-me, comigo no centro
Para me analisar,
Repudiar,
Chacinar
Esta auto analise que me destrói todas as noites
E que me tira o sono,
Que me faz querer ficar tão “high” que toco na camada de ozono.
Senhor, isto nem devia ser possível
Tal sofrimento sem origem externa
Começo a achar que é uma dor eterna
Estou tão focado em mim,
E nesta urgência sem fim
De ter alguém, aqui
Ao pé de mim
Que me diga que vai ficar tudo bem,
Que tudo passa,
Que isto tem um propósito
Que me ultrapassa
E que nada é em vão,
Que servirá de chão
Para me apoiar e erguer,
Para me fazer crescer.
Ah! Eu quero é viver!
Estou farto de estar morto!
Não sabes pelo que passei,
Não me julgues por quem sou.
Podem levar o corpo
Que a alma já bazou.
Não se trata de uma escolha,
É o meu cérebro a ir aos meus sítios mais tristes,
A prender-me,
A não me permitir focar num só problema para o resolver,
É tudo ao mesmo tempo,
E eu a tentar sobreviver,
É tanta merda ao mesmo tempo que já nem consigo ver!
O sol está a nascer,
O céu a clarear.
Que alívio, foda-se,
Cheguei a hoje.
Acho que me vou deitar
Pedro Cardoso
2 - Ligeira, inaudível e passageira
A brisa ligeira alivia
Qualquer promessa.
Besta quadrada ou esférica,
Ignorante ou estéril,
Eu as sou todas e delas serei.
Fértil.
A brisa inaudível corta
O silêncio que nos grita
E forma o fôlego.
Folgo do luto audaz
E mordaz que lhe silencia.
Morto, e mofo.
A brisa passageira não
Tem ponta e ponto
Por onde se pegue.
Tentativa a que lhe segue,
E ainda tateiam o cérebro.
Que me precede.
Ligeira ou inaudível,
Passageira ou verosímil,
A brisa alivia qualquer promessa;
Eterna ou perene.
Sem medo ou inerte.
Afinal, eu as sou todas e delas serei.
Espero-te, assim, no Céu que nos aguarda.
Mas se, porventura, a brisa se fizer
Tormenta ou mar que nos cala,
Lembra-me da brisa que se
Avista e em si te cria como
A brisa e insígnia que és:
Ligeira, inaudível e passageira.
Bernardo Serrano Correia
3 – Se eu falasse
Se eu falasse
Dizia-te o quanto te amo
Agradecia-te por todos os beijos
Abraçava-te por todos os abraços
Se eu falasse
Dizia-te que amo a vida
Agradecia-te por me olhares com amor
Abraçava-te porque és minha mãe
Se eu falasse Dizia-te que adoro tudo o que fazes por mim
Agradecia-te por todas as comidas magníficas
Abraçava-te por todos os cremes, massagens e almofadinhas
Se eu falasse
Dizia-te que estou aqui
Agradecia-te porque não me esqueces
Abraçava-te porque se falasse não teria palavras
E em cada sorriso que me fazes sentir peço somente uma coisa:
Que um dia, junto Daquele que é Amor,
tu possas sentir o quanto te amo
porque, mais que me trazeres ao mundo,
és verdadeiramente minha mãe,
amas-me como jamais alguém poderá saber.
Flávio Soares
4
Não foste prevista…
conheci-te hoje com os meus próprios olhos
atravessei ficheiros fotos e-mails
vagueei pelos juncos de mensagens —
olhei-te nas retinas como a um peixe nas guelras
e pensei: saudável
lábios róseos como ovas numa caverna
prometeram muito —
o corpo em equilíbrio com o intelecto
antigamente no mercado veneziano
os pais punham as suas filhas à venda
um comércio… em nome da sua felicidade
agora elas próprias se vendem com vontade nos leilões —
bastam alguns cliques e engenho no photoshop
conheci-te hoje com os meus próprios olhos
atravessei as veredas
(de vontades e venerações)
os cheiros que eu quis sentir
vasculhar na tua pele e no teu pulso
afastando a penugem do vestido
para acariciar a polpa
extrair caroços na ternura
tocar a semente na promessa
conheci-te hoje com os meus próprios olhos
havia um v a z i o
aridez numa casca
como ficheiros de palavras sob cuidados maternais
de uma cibermistificação
KATARINA LAVMEL
Tradutor Gabriel Borowski
5 - Rouxinóis
Chora o Alentejo na voz
Dos cantadores de belas modas.
Cantigas de corpos sós,
Mas de felizes e iluminadas almas.
Trabalhadores para o campo vão,
Trabalhadores no campo ficam.
De sol a sol colocam o coração
Na terra que tanto estimam.
Deles vem o nosso alimento
E são homens que não se engrandecem,
Antes alegram-se com o cante,
Com graciosos rouxinóis se parecem.
José Miguel Silva
6 - "As Regras da Biblioteca:
Se queres ler um livro
Não o podes estragar
Tem cuidado, muito cuidado
Para não o sujar.
Esta é uma das regras,
Mas mais te vou dizer,
Quando leres um livro
Não o podes escrever.
Há livros muito giros,
Com histórias de encantar
Para os outros meninos poderem ler,
Não os podes rasgar.
Se seguirem estas regras,
Nunca estragarão os livros,
Pois lembrem se crianças
São eles os nossos melhores amigos."
Patrícia Carvalheiro
7 - " Vou só ali"
Vou só ali olhar o céu
E sorrir
Vou só subir àquela montanha
E respirar fundo
Vou andar descalça
Sentir o chão
Vou vestir um casaco
E olhar o vento de frente
Vou molhar os pés
No mar
No rio
Vou sentir um arrepio
Oh que boa sensação
E assim vou continuar
Vou
Sim...vou
Soltar o grito
Libertar a emoção
Sentir o bater solto do coração
Espernear
Saltar
Abraçar
Vou só ali beijar o mundo
Vou só ali VIVER
Vanda Garcês
8 - No dia em que a minha mãe morreu nas minhas mãos
Entrei receosa no teu escuro
Ansiava poder, nem que fosse por
Escassos momentos,
Abrir as cortinas da vida
E deixar entrar a energia que se perdia.
Toquei, num gesto silencioso, a tua tez,
Acariciei os teus cabelos
Toquei teu olhar fechado.
Obriguei a tua mão sem vida
A acariciar-me num gesto calado.
Toquei os teus sentimentos inertes,
O teu perfume injetado,
O teu respirar que denunciava
Que ainda comigo estavas.
Mesmo longe, o teu corpo m’afagava.
Deolinda Reis
9 - A UM PAI
Minha espada baixa a guarda…
Num mar de calma, quando as vinhas me beijam
Minha espada baixa a guarda…
E, as uvas maduras de tua boca me fazem sonhar
Ante a serenidade de teu olhar doce
Vinho maduro de uma reserva do Douro
Rio de oiro nos socalcos do teu sonho
Teu perfume onde me envolvo, nos versos do mistério
Que guardas contigo, o enigma da tua raça
São a terra onde brotaste, roseiras bravas
Nas encostas das águas das fontes de onde bebeste
A seiva da terra que reivindicas
Na nobreza sóbria com que lutas e te sacrificas
Amas a Vida, mas conheces tão bem a finitude…
Desejas a imortalidade e a omnisciência
Bebes das fontes da Poesia, os teus olhos de vida
Minha espada baixa a guarda…
E, amo-te voraz, num misto de fúria e fortaleza
Num louco e rendido abandono de mar
Sob um manto de estrelas no plenilúnio da Lua
Onde teu olhar se fecha em fantasia
E, imagino teu alvo ventre fecundo pululando em flor
Borboleta de desejo remanescente na nascente
Onde nasceste e despertas a Vida…
E, o sonho eterno de adolescente
Meu sorriso abismado em teus olhos
Minha espada baixa a guarda…
E, digo-te sussurrando:
Eu também, na verdade de meus olhos
Amo-te…
E, baixo a guarda
Nas asas rasantes de um Anjo
Que nunca está ausente
Baixo a guarda…
E, uma folha seca diz-me:
A Vida renasce no húmus da Terra…
E, amo-te na luz eterna de uma estrela
E, meus lábios pronunciam no silêncio do vazio:
Amo-te…
E, abro a caixa dos segredos do jardim da fraga
Que existe em mim… onde a Excalibur aguarda…
E, baixo a guarda da minha espada
No malmequer que desfolhas
E, baixo a guarda
Na infinitude do beijo que dou!
Paulo Marçalo, 2019
10 - Grito
Um dia Grito
no vazio do meu coração
que o meu mundo és tu!
Tu na tua simplicidade,
tu na tua beleza interior,
na profundidade do teu olhar
tu na tua beleza exterior.
Tu, tu, tu!
Um dia esse grito
fará eco neste vazio
e no vazio do teu silêncio.
Um dia esse grito
será dor e tristeza...
Depois será esquecimento.
E por fim será nada!
E o nada inundará
o vazio!
Mónica Vieira