"Sobre o Cristal Transparente"
Sinopse
O cristal é um sólido no qual os constituintes estão organizados num padrão tridimensional bem definido, que se repete no espaço, formando uma estrutura transparente, delicada, frágil, com uma geometria específica, e que obriga, a quem se relaciona com ele, a ter uma relação análoga às suas próprias características. Ao manusear o cristal, o cuidado é inevitável para não o largar no ar e, na iminência de um desastre, tudo reduz a velocidade a um movimento cinematográfico. O cristal materializa a iminência do fim, tal como o ator em cena está, constantemente, à beira do abismo.
Florbela e Virgínia, duas das maiores poetisas portuguesas contemporâneas, não foram Cinderelas de sapato de cristal, nem o quiseram ser. Contudo, estas poetisas tatuaram nas suas palavras uma tragédia iminente, de geometria díspar – não só em forma, como em algumas perspetivas -, mas de estrutura similar, naqueles que são os temas transversais à sua feminilidade e postura feminista. Tatuaram palavras cristalinas, como amor e sofrimento, de força e vulnerabilidade.
Duas mulheres de hoje, mensageiras de um tempo que parou, visitam as palavras de Espanca e Vitorino, quase 100 anos depois, servindo a urgência de quem, como hoje, em 2020, quer sair, ser e ser ouvido. De quem tem urgência em correr lentamente e não quebrar em si algo inevitavelmente quebrantável – o cristal transparente da sua alma.
Uma estrutura artística da Rede Cultura 2027.
Sobre ESTADO DE EXCEPÇÃO,
Tendo como objetivo manter o contato direto com a comunidade através do uso de espetáculos improváveis e deambulantes (com teatro; música; literatura; artes plásticas; dança; entre outros).
A relação entre as pessoas é feita de uma forma concreta e ao vivo, através das suas janelas e jardins privados.
Pretende-se assim, durante o período de isolamento e de regresso a uma nova normalidade, ir ao encontro de toda a comunidade das freguesias do concelho de Leiria, a partir de maio. Três dias por semana (sexta, sábado e domingo), uma carrinha de grandes dimensões (de contentor fechado) deslocar-se-á pelo território e a sua caixa será o palco da rua, onde os artistas realizarão uma apresentação por dia em locais distintos. E todas as janelas e varandas serão plateias num teatro aberto ao ar livre.
Da janela, da varanda, do jardim, os leirienses poderão assistir a espetáculos que deambilam pela cidade na carrinha do Leirena Teatro. Poderão rir, emocionar-se, cantar, dançar e aplaudir.
As Ipss’s serão as primeiras instituições a terem o acesso à Arte.
Este projeto assume-se como um Estado de Exceção ao estado de exceção em que vivemos.
LEIRENA TEATRO - Companhia de Teatro de Leiria
Uma Casa para Toda a Comunidade
Ficha técnica
Ficha Artística e Técnica
Encenação e espaço cénico | Diogo Bach
Interpretação | Anaísa Raquel & Joana Bastos
Figurinos | Atelier Carminho
Produção | A Corda
Uma estrutura artística da Rede Cultura 2027.
ESTADO DE EXCEPÇÃO
Direção Artistica: Frédéric da Cruz P.
Produção: Tânia Alves
Assitente de produção: Patrícia Cecílio
Aconselhamento: Celeste Afonso
Design: Paulo Fuentez
Imagem: PHORMA
Equipa de Apoio: Carolina Ventura, Diogo Binnema, Estrela Cabral, Inês Valinho e Tiago Ferreira
UM PROJETO 2020: LEIRENA TEATRO - Companhia de Teatro de Leiria
Outras informações
Florbela Espanca & Virgínia Victorino
Florbela Espanca nasceu a 8 de dezembro de 1894 em Vila Viçosa. Foi uma poetisa portuguesa, autora de sonetos e contos importantes na literatura de Portugal. Foi uma das primeiras feministas de Portugal. Sua poesia é conhecida por um estilo peculiar, com forte teor emocional, onde o sofrimento, a solidão, e o desencanto estão aliados ao desejo de ser feliz. Florbela Espanca, nome literário de Florbela da Alma da Conceição. Florbela ingressou no Liceu Nacional de Évora, onde permaneceu até 1912. Em 1913 casou-se com Alberto Moutinho, seu colega da escola. Em 1914, o casal muda-se para Redondo, na Serra d’Ossa, Alentejo, onde abrem uma escola e Florbela passa a lecionar. Em 1916, a revista Modas & Bordados publica o soneto “Crisântemos”. De volta a Évora, torna-se colaboradora do jornal “Notícias de Évora”. Nessa época conheceu outros poetas e participou de um grupo de mulheres escritoras. Em 1917, completa o curso de Letras e ingressa no curso de Direito da Universidade de Lisboa. Apresenta mais uma vez os sintomas de neurose. Morre aos 35 anos. Suicidou-se com o uso de barbitúricos, no dia de seu aniversário, às vésperas da publicação de sua obra prima “Charneca em Flor”, que só foi publicada em janeiro de 1931.
Virgínia Victorino, nasceu em Alcobaça a 13 de agosto de 1895. Cursou Filologia Românica, na Faculdade de Letras de Lisboa, e frequentou a Escola de Música do Conservatório Nacional, onde estudou piano, canto, harmonia e aprendeu a língua italiana. Ainda no Conservatório lecionou as cadeiras de Português, Francês e Italiano e foi professora do ensino liceal. Trabalhou também na Emissora Nacional onde dirigiu diversas peças de teatro radiofónico, usando o pseudónimo Maria João do Vale. Foi autora de três livros de poesia. De 1920 a 1942 escreve seis peças de teatro, todas representadas pela companhia de teatro Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro e apresentadas no Teatro Nacional D. Maria II. Em 1929 foi agraciada com o grau de Oficial da Ordem Militar de Cristo e em 1930 com o grau de Dama da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Em 1938 ganhou o Prémio Gil Vicente do Secretariado Nacional de Informação com a peça Camaradas. Virgínia Vitorino morreu em 21 de dezembro de 1967.
PARCERIA: Município de Leiria
Apoios:
Leiria Cidade Criativa da Música UNESCO, Freguesia de Regueira de Pontes, União das Freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes, União das Freguesias de Marrazes e Barosa, União das Freguesias de Monte Real e Carvide, União das Freguesias de Santa Eufémia e Boa Vista, Freguesia De Arrabal, Freguesia De Bidoeira De Cima, Leiria, Portugal, Teatro José Lúcio da Silva, Fundação Caixa Agrícola de Leiria, Lubrifuel - Combustíves e Lubrificantes Lda e Bigbrand comunicação visual.