ALENQUER
Mercê da sua disposição em encosta, partindo do topo de um outeiro em direção ao vale, há muito que Alenquer conquistou o epíteto de Presépio de Portugal.
Berço de Damião de Góis e predileta de Camões, desempenhou papel preponderante em cada época da história. Testemunho disso mesmo é o seu riquíssimo património: sítios pré-históricos, castelos, conventos, igrejas, ermidas, quintas e casas senhoriais. Cabeça, há oito séculos, de um vasto concelho – terceiro em área no distrito de Lisboa – limitado a norte pelas faldas do Montejunto e a sul pela campina do Ribatejo, apresenta uma paisagem característica, transição entre o campo outeirado da Estremadura e a planície, onde a vinha é predominante e base ancestral da sua economia.
O concelho de Alenquer desempenhou papel preponderante em cada época, em cada momento, da História de Portugal. Desses tempos ficaram vestígios materiais, lendas, memórias, tradições, que sendo património de todos nós deve ser entendido e acarinhado.
ORIGEM HISTÓRICA DE ALENQUER
Para uns historiadores, Alenquer deriva de "ALAN-KERK", que significa TEMPLO DOS ALANOS. Existem opiniões a dar aos Suevos a instituição de Alenquer com o nome de ALANKANA. Por sua vez os Túrdulos (gente mais nobre da Lusitânia, segundo Estrabão), são apontados como os primeiros a erguer a Vila, ao qual então chamariam ALAN-KERK-KANA. Frei Luis de Sousa, opina que o nome de Alenquer foi ALANO-KERKA. Neste rosário de probabilidades, junta-se ainda o árabe ALAIN-KEIR, que queria dizer "Fonte abençoada", ou ainda o árabe EL-HAQUEM" que quer dizer "O Governador". Alenquer ao longo da sua mitológica existência e até atingir o seu atual topónimo, sofreu várias conturbações, consoante a cultura dos seus habitantes; Senão vejamos: Séculos VI AC a II AC - Celtiberos, (BRIG), Cartagineses, Lusitanos e Túrdulos (ALAN-KERK-KANA); Séculos II AC a V DC (418) - Romanos (ARABRIGA, GERABRIGA e IERA-BRIGA); 418 a 714 - Alanos (ALENEN-KERK) "Igreja", (ALANO KERK) e (ALAN-KERK) "Templo dos Alanos", Vândalos, Suevos (ALANKANA) e Visigodos; 714 a 24 de Junho de 1148 -Mouros (Ano de 714) ALAIN-KEIR "Fonte Abençoada" e EL-HAQUEM "O Governador"; Desde 24 de Junho de 1148 - Portugueses, evoluiu deste modo.... ALÃOQUER, ALUNQUER, ALON-QUER, ALANQUER, ALEMQUER e ALENQUER.
Conta a tradição que na manhã do dia em que teve logar o combate final, indo o rei christão com seu sequito banhar-se no rio e fazer suas correrias, notaram que um cão grande e pardo que vigiava as muralhas e que se chamava «Alão», calou-se e lhes fez muitas festas. El rei tomando isso por bom presagio mandou começar o ataque dizendo «Alão quer», palavras que serviram de futuro appellido á villa. A batalha foi sanguinolenta e renhida e os cavalleiros christãos fizeram prodigios de valor. Especialmente no postigo proximo aonde estava a egreja de S. Thiago a lucta foi renhidissima, mas os portuguezes inspirados pela fé que S. Thiago em pessoa pelejava na sua frente, venceram todos os obstaculos e tomaram a praça.
Há uma segunda tradição que diz que o cão «Alão» era encarregado de levar as chaves na boca todas as noites pela muralha fora até à casa do governador e os christãos aproveitando os instinctos do animal prenderam uma cadella debaixo de uma oliveira à vista do cão que subjugado por sentimentos amorosos galgou os muros, entregando assim as chaves aos portuguezes. Se estas tradições tem fundamento não sabemos, mas são muito antigas e é certo que as armas da villa são um cão pardo preso a uma oliveira o que parece confirmar a tradição.
No ano de 1870 ocorre a demolição da velha igreja românica de Santo Estêvão, a antiga igreja matriz da vila.
Anos mais tarde a velha Porta do Carvalho ou de Santo António, grande parte da muralha fernandina, o casario que alastrava pela Encosta da Mesquita e parte do edifício da igreja da Misericórdia foram também destruídos.
Mas sem dúvida nenhuma a grande transformação dessa zona, correspondeu à edificação da nova sede Municipal e ao alargamento do largo que lhe é fronteiro. Até aí, nesse lugar erguiam-se as velhas e modestas casas da Câmara, construídas na primeira metade do século XVII.
PALÁCIO MUNICIPAL DE ALENQUER
De inspiração neoclássica, construido em finais do século XIX, tem semelhanças óbvias com o palácio municipal de Lisboa, construido quase 30 anos antes, veio substituir as velhas Casas da Câmara e da Jugada, talvez seiscentistas, demolidas em 1885.
O AUTOR DO PROJETO
José Juvêncio da Silva (1853-1925), condutor de obras públicas pelo Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, exerceu funções neste distrito, como chefe de conservação de estradas (do Estado), e em Alenquer como condutor de trabalhos da Câmara Municipal.
Autor ainda dos projetos de outros edifícios monumentais de Alenquer: o da Fábrica de Lanifícios da Chemina, realizado em 1889, e do Teatro Ana Pereira, anterior a 1892 e já executado em 1895.
Com projeto começaram os novos Paços do Concelho a construir-se em 7 de Março de 1887, sendo inaugurados em 2 de Janeiro de 1890. De inspiração neoclássica, têm semelhanças óbvias com o palácio municipal de Lisboa construído quase 30 anos antes.
O frontão triangular sobre a fachada principal, tem esculpidas, ao centro, as armas de Alenquer (versão da época) em cuja base se inscreve a data «1887», ladeadas por figuras alegóricas representando a Agricultura, o Comércio, a Indústria e o Progresso, trabalho do escultor João Machado. No interior existem interessantes trabalhos de estuque, em particular na sala nobre.
Na atual Praça Luís de Camões, outrora a «Praça da Vila», onde se encontra o jardim, datado de 1894, existiu, até 1856, o pelourinho, entretanto desaparecido durante as obras.
ÁTRIO
Espaçoso, com teto de gesso ornamentado e pavimento de motivos geométricos, com mosaicos cinzentos, negros e brancos, ostenta duas lápides, colocadas em 1955, homenageando os alenquerenses mortos na I Grande Guerra (1914-1918), em África (províncias de Angola e Moçambique) e em França.
SALA NOBRE DAS SESSÕES - «SALÃO NOBRE»
Decorado ao gosto clássico, está ricamente ornamentado com madeiras e estuque.
O teto é profusamente ornamentado com motivos florais e medalhões com temas alegóricos: a Arte, a Agricultura, o Comércio e a Indústria, que envolvem numa bela moldura, as armas velhas do Município.
Dignos de menção, modelados em gesso, os bustos de Damião de Góis, Pêro de Alenquer, Camões e D. Manuel I, ilustres personagens ligadas pela vida ou pela obra à vila de Alenquer, uma grande tapeçaria com as armas concelhias e outros elementos decorativos expostos.
SALA DR. TEÓFILO CARVALHO DOS SANTOS
Originalmente sala de audiências do Tribunal da Comarca é hoje a sala das reuniões e sessões da Câmara e Assembleia Municipais.
Concebido como um elegante espaço cénico, desenvolve-se em dois planos: o mais elevado é suportado por colunas metálicas e rematado por uma elegante balaustrada que se debruça sobre o plano inferior. À volta, as paredes são decoradas com «fingidos» em estuque, que imitam silhares de mármore polícromos.
O teto tem um relevo em gesso com o escudo nacional, ao qual foi amputada a coroa que o encimava, logo após a implantação da República.
CÚPULA OU ZIMBÓRIO
Estrutura metálica totalmente envidraçada, ajuda a iluminar a escadaria principal. Em seu torno corre uma varanda de onde se alcança uma interessante panorâmica da vila e de alguns dos seus principais edifícios: Castelo, conventos de São Francisco e de Nossa Senhora da Conceição, Casa da Torre, Igreja e Arcada do Espírito Santo, Fábrica da Chemina.
CÂMARA MUNICIPAL
A Câmara Municipal de Alenquer é o órgão autárquico deste concelho e tem por missão definir e executar políticas tendo em vista a defesa dos interesses e satisfação das necessidades da população local.
Nesse sentido, cabe-lhe promover o desenvolvimento do município em todas as áreas da vida, como a saúde, a educação, a ação social e habitação, o ambiente e saneamento básico, o ordenamento do território e urbanismo, os transportes e comunicações, o abastecimento público, o desporto e cultura, a defesa do consumidor e a proteção civil.