Considerada a indiscutivel importancia deste filho de Alenquer, Damiao de Góis, no mundo, em Portugal e em particular para Alenquer, mais do que merecidamente, foi restaurada pelo Municipio de Alenquer a antiga igreja da Várzea, adquirida por si, na altura, para ai serem sepultados os seus restos mortais. Sabia foi também a decisão do Município, ha alguns anos, de adquirir o imóvel degradado para o poder recuperar e homenagear tão iluminada pessoa.
Era uma lacuna na história de Alenquer não se prestar a devida homenagem a um humanista tão brilhante que teve a possibilidade de privar com as figuras mais ilustres do seu tempo e de algúm modo poder influenciar as politicas nacionais e internacionais de então e, de ser um homem de acção, também muito famoso, como cronista, historiador e compositor.
Não seria justo, nao podermos partilhar com o mundo, em Alenquer, a história, as estórias de Damião de Góis e a sua tão preenchida vida entre a cultura, as artes e a política.
Damião de Góis, viveu tempos dificeis, numa época (Séc. XVI) em que o Mundo, a Europa e Portugal estavam em convulsão, nomeadamente e no que diz respeito, a ordem pré-estabelecida pela igreja de Roma, mas colocada em causa por Martinho Lutero, Henrique VIII, Calvino e pelos Turcos.
É, também, no seu tempo que a Inquisição Portuguesa conhece procedimentos diferentes para com aqueles que eram denunciados, reconhecidos hereges ou culpados de crimes contra a moral vigente e presos. Em 1571, Damião de Góis é denunciado e preso pela Inquisição sendo posteriormente condenado como herege, luterano, pertinaz e negativo. Acaba por morrer em 1574 em circunstâncias pouco esclarecedoras.
Em 2017, inaugura-se o Museu Damião de Góis e as Vitimas da Inquisição, espaço de memória relacionado com este grande humanista, com a Judiaria de Alenquer e com as vitimas da Inquisição, incluindo os judeus ou cristãos-novos. A sua criação enquadra-se no projeto ”Rotas de Sefarad: valorização da identidade judaica portuguesa no diálogo interculturas” promovido pela Rede de Judiarias de Portugal, com o apoio do Estado Português, através da Direção Regional de Cultura do Centro e do Governo da Noruega, via mecanismo financeiro do Espaço Económico Europeu – EEA Grants. Neste espaço, podemos encontrar, para além do carneiro (aberto) da sepultura de Damião de Góis, exposição consagrada a sua vida e obra, com particular destaque a sua condição de vítima da inquisição.
Com esta obra para além de fazer jus ao ilustre humanista alenquerense, o Município devolveu o imóvel requalificado ao mundo e aos habitantes desta vila e de todo o concelho, mais particularmente.
Convidamo-los a explorar este magnifico espaço.
Espero que gostem!